Não sou a luz, mas tenho minha própria luminosidade, qual labareda de uma chama maior, assim como todos vós. Basta tirar as nódoas escuras do candeeiro que vos nublam o discernimento que podereis enxerga-la, lá dentro de vós, o que chameis de espírito.
Há algo que me distingue dos demais espíritos. É o fato de eu não estar na luz. Meu habitat é a escuridão. Os locais trevosos onde há sofrimento, escravidão, dominação coletiva, magismo negativo, castelos de poder alimentados pelo mediunismo na Terra que busca a satisfação imediata dos homens, doa a quem doer.

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quarta-feira, 14 de abril de 2010

Mas, enfim, quem é Exu?

EXÚ – palavra em yorubá (Èsù) pode ser traduzida como esfera. O simbolismo do círculo é muito antigo e encontrado em várias culturas: ele representa o infinito, o que não tem começo nem fim e está em todos os lugares.

Exú é um Deus da mitologia yorubá e afro-brasileira. É a divindade mais controversa do panteão afro-brasileiro, talvez por ser o mais intrinsicamente humano de todos os Orixás. Ele é o Mensageiro dos Deuses, seu poder é o de receber e transportar os pedidos e oferendas dos seres humanos ao Orum, o mundo dos Deuses. É o Senhor dos caminhos, das encruzilhadas, das trocas comerciais e de todo tipo de comunicação. Por isso, ele é o movimento inicial e dinâmico que leva à propulsão, ao crescimento e à multiplicação.

Exu na Umbanda é Orixá, é Guardião e Guia, é força, energia e potência Divina que atua sob ação da Lei Maior, ativando e cessando nossos carmas. São espiritos iluminados que, de forma muito peculiar, conhecem nosso íntimo e nossa conduta muito mais que nós mesmos e através desse conhecer amplo é que ativam em nossa vida nossas maiores provações.

Não são duais na concepção da palavra, mas atuam vigorosamente em nossa dualidade proporcionando- nos apenas o que nos é de merecimento e, claro, que essa atuação é muitas vezes enxergada por nós como uma ação externa, como uma ação de Exu, e dificilmente como sendo nossa. Sendo assim, Exu não faz o mal, muito menos faz o que queremos ou o que pagamos, Exu não é nosso escravo ou nosso serviçal, Exu não nos deve nada, nós é que devemos a Ele.

Portanto, pedir algo a Exu, só se for proteção, proteção e proteção. Afinal, Ele já sabe o que merecemos.

DIA DA SEMANA – Segunda feira – é um dia propício para magias e rituais que invoquem paz, fertilidade, harmonia e meditação. A energia lunar do dia favorece novos começos e confere poder.

CONTAS – pretas (neutraliza/ absorve) e vermelhas (ativa/irradia) , reafirmando a energia da contradição de Exu.

PADÊ – palavra yorubá que significa ENCONTRO ou REUNIÃO, durante a qual Exu é chamado, saudado, cumprimentado e enviado ao além com a intenção de convocar outros deuses para a festa e, ao mesmo tempo, tem a função de afastá-lo para que não perturbe a boa ordem da cerimônia

OGÓ – bastão de Exu, é um bastão com cabaças que representa o falo. Espécie de cetro mágico com que ele se transporta aos lugares mais longínquos, tem o poder de atrair pelo seu poder magnético. Do ioruba ògo, “porrete usado para defesa pessoal”.

FALO – representa a fertilidade da vida, o poder sexual, reprodutivo e gerativo. Nas “religiões da natureza”, o sexo é um ato sagrado. E se ele é sagrado, seus frutos também são. A noção de pecado original seria uma aberração nesse sistema religioso; além disso, um dos ideais do estilo de vida iorubano era ter uma família numerosa e, portanto, o culto a Exú fazia-se essencial.

TRIDENTE – tradicionalmente divino nas culturas pagãs anteriores ao Cristianismo, por isso a cultura católica fez questão de pregar o inverso, para facilitar a conversão de seus fiéis com que esquecessem os mistérios a que tinham acesso direto. Agora o único acesso a qualquer mistério estaria na mão de um Sacerdote Católico. Podemos citar ainda os tridentes de Netuno, Posseidon e Shiva, entre outros. Tridentes mostram o valor divino concedido a eles; a trindade; o alto, o meio e o embaixo; Céu, Mar e Terra; Luz, sombra e trevas;

ENCRUZILHADA – cruzamento vibratório, representa a dualidade, a escolha, as possibilidades e o livre arbítrio.

Vejam que expressivo este poema sobre Exu:



Exu para Jorge Amado



Por Mario Cravo – Salvador, 17 de maio de 1993

Não sou preto, branco ou vermelho


tenho as cores e formas que quiser.


Não sou diabo nem santo, sou Exu!


Mando e desmando,


traço e risco


faço e desfaço.


Estou e não vou


tiro e não dou.


Sou Exu.


Passo e cruzo


traço, misturo e arrasto o pé


sou reboliço e alegria


rodo, tiro e boto,


jogo e faço fé.


Sou nuvem, vento e poeira


quando quero, homem e mulher


sou das praias, e da maré.


Ocupo todos os cantos.


Sou menino, avô, maluco até


posso ser João, Maria ou José


sou o ponto do cruzamento.


Durmo acordado e ronco falando


corro, grito e pulo


faço filho assobiando


sou argamassa


de sonho carne e areia.


Sou a gente sem bandeira,


o espeto, meu bastão.


O assento? O vento!..


Sou do mundo,nem do campo


nem da cidade,


não tenho idade.


Recebo e respondo pelas pontas,


pelos chifres da nação


sou Exu.


Sou agito, vida, ação


sou os cornos da lua nova


a barriga da rua cheia!…


Quer mais? Não dou,


não tou mais aqui



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